sábado, 12 de dezembro de 2009

PODER ORIGINÁRIO ou INVENTAR um POVO.



As elites guerreiras, comerciais ou eclesiásticas necessitam inventar uma população para poder manter uma máquina própria que os alimentem e lhe forneça as condições para se reproduzir por tempo indeterminado. Elites que constituem, para este objetivo, milícias, firmas de fachada e igrejas cuja função esgotam-se no objetivo de prover as necessidades de seus líderes e dos seus mentores. Trata-se de socializar trabalhos e prejuízos para poder embolsar os lucros.


Neste caso as leis precedem os fatos e as cidades precedem o meio rural. È a morte do poder originário autêntico. Elites, corporações e associações torpes que constituem, por todos os meios ao se alcance, o seu próprio poder de origem que eles controlam como propriedade patrimonial. Poder formal cujo único objetivo é apenas para indicar certos personagens pseudo-constitucionais que afinam com os seus objetivos. Personagens totalmente comprometidos com os seus mentores e que acabam realizando constituições, estatutos e regimentos que os favoreçam e legitimem os cargos que os seus mentores continuam a ocupar e cuja ocupação é cláusula pétrea secreta estas pseudo leis. Na política constituem partidos para tanto e cujos membros acabam realizando proezas acrobáticas de se jogar de galho em galho de uma série sem fim de pseudo-partidos semelhantes que favoreçam o seu apetite sem fim e sem o menor constrangimento.


Estes personagens sem contrato necessitam negar o que deveria ser o poder originário. Para elas as necessidades primárias, provenientes da origem do poder, deve ser ignoradas. Em vez deste esforço urge usar o tempo integral para azeitar e alimentar a máquina corporativa daqueles que podem tirar proveito deste embuste continuado no tempo e assim reproduzi-lo por tempo indeterminado.


Elites, corporações e associações, desta natureza, continuam a prosperar enquanto prosperar a violência física ou simbólica mantendo, pelo medo e terror, as populações participativas, coesas e submissas.


Pervertido por elites, corporações e associações desta natureza é impossível pensar em poder originário nascido, desenvolvido e que se expresse coerente com a sua própria natureza. Bem ao contrário é a própria corrupção de qualquer poder autorizado. A circulação do poder corrompido na origem, oriundo da violência física, ou simbólica, necessita ser centralizado e controlado de forma contínua e eficaz. Há necessidade da neutralização e eliminação sumária, eficiente e rápida de todo e qualquer contraditório.


Os nascidos e educados neste ambiente, e nesta lógica, passam a considerar esta corrupção como algo natural e necessária para o seu próprio proveito. Corrupção que lhe mostra uma pseudo-segurança e que é constituída como uma necessidade que sobre-passa qualquer outro valor. Pseudo segurança em função da qual é necessário desfazer-se de qualquer patrimônio, e no extremo, doar a própria vida.


A descrição acima é descrição do regime escravocrata e que apenas trocou de nome e hoje denomina-s cooperação e participação de desiguais. Se o “escravo é aquele ser humano que não delibera e não decide” estas elites que inventam, corporações e associações para seus fins particulares para as quais conseguem reconduzir populações inteiras para a heteronomia das suas vontades e perverter o que deveria constituir o autêntico poder originário.


Se a educação democrática é reconhecida na medida em que gera ânimos e vontades para que todo cidadão possa expressar o todo em si mesmo, a escravidão treina apenas para expressar as deliberações e decisões daqueles que os cativaram seus ânimos e suas vontades.

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